sexta-feira, 15 de maio de 2015

O GRÃO E A MONTANHA

Os ventos espalham a poeira e separam os grãos. Só o vento tem desejo. As viagens vão se sucedendo e os grãos se embolam entre tantos, sem que seus quereres sejam relevados. A vontade é seguir junto àquele pedaço, cujo desprendimento da pedra original foi feito ao mesmo tempo. É ser pedra unindo-se aos muitos outros que se desprenderam no impacto. Mas o vento empurra, corrói, lima, dá nova tez ao grão. Outro universo, outros arredores. O grão se vê. Identidade. O grão é rocha. Ego. O grão é montanha.


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