quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O SORRISO E O VENDAVAL



Vendaval dissipa quando cansa.

As alvenarias descansam escombros. As águas parecem as lágrimas de tudo. Aço e concreto descasam e constroem outra paisagem que erige estranha. Humanos sentem que deveria ser diferente. Aquele frio passageiro parece interminável. Aquela dor momentânea parece mutilar. As vozes lamentam, correm pelos ecos indignados. Ninguém perguntou as verdades. As fraquezas derrubam as edificações.

Maria Clara menina, na esquina, sorri.

Vendaval dissipa quando cansa.
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ERMO IMPIEDOSO


Não luzem cometas, meteoritos, estrelas... lua... sol... e a trilha tem armadilhas. A matilha espreita. Os leões avançam. E quanto há de crueldade a transformar a cena. Sem as cores, não se vê o corpo sendo transformado, a lágrima ajudando as clemências, as sombras, os rubros. Apenas sons daqui e ali tentam garantir que a verdade ensine o agir. E não garantem. E não ensinam. Quantas palavras convencerão? Não é brincadeira. Tudo o que se sente é puro, verdadeiro. Não há artifícios. Sem cometas, meteoritos... estrelas... lua... sol... não pode ser visto.

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EM BUSCA DE ESTRELAS ( ou Eu vi um mundo)



Não basta que a luz esteja distante, ela busca outra direção. Revela os medos. O gelo passeia pelo corpo. As coisas passam. As decisões ameaçam... as vontades... as verdades.

As imagens incertas são descuidos da fraqueza. Não vejo a Baía de Todos os Santos dali daquele convento. Nem posso procurar pinguins do solar. Contar estrelas cadentes. A lua que foi o presente.

Luz pede palavras. Virá quando houver raios que expulsem a dor. Chegue como se fosse a próxima chance de sair daqui dessa explosão de lágrimas. Luz, entenda seu itinerário.

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NO CAIS DAS CIRCUNSTÂNCIAS



Se eu quis lembrar, não foi, por assim dizer, tão cinza. E se a retórica do assim vos convence, não me diz. Os sinais simbolizam ventura. Os ruidos harmonizam decibéis. O patchouli corre nas seivas. O andante, entre os becos, procura as fôrmas escondidas no breu para resenhar em versos sua nova história. As vistas estão obtusas entre o esmo e os ismos, jogando seus jugos nas encostas morais. A nova história é tão assim azul, que não alcança a eloquência errante. Está compendiando conseguir ser assim.

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OLHOS SOBRE OS VALES


Apesar de não ter vivido assim, foi de se atrever que se fez homem. Não se ouve daqui o sussurro. Nem se faz coro com dores. Foi das mãos que livraram as luzes e com as mãos as acenderam para que se vissem nos olhos do outro. As estradas não convencem os transeuntes. Quando os olhares atravessarem fronteiras, farão do riso o sabor do presente.

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