quarta-feira, 18 de maio de 2011

NO GRAMOFONE DO REICH




Tudo começou quando resolvi entender a paixão de Hitler por um compositor alemão. Por que um compositor, representante do Romantismo alemão, dono de uma sensibilidade artística que fez o rei da Baviera se curvar, inspirara um monstro da história da humanidade? Não entrarei na vida de Hitler, muito menos questionarei seus merecimentos ou sua monstruosidade, citarei apenas na pauta atual que qualquer excesso ideológico foi, é ou será erro. A imagem que construíram de Hitler pode ser pior do que a realidade, mas não se podem negar as suas mazelas.

Interessei-me de verdade, pela biografia de Richard Wagner. Admirei todas as músicas que escutei: Marcha Nupcial, Siegfried's Funeral March, The Flying Dutchman (todas essas nomenclaturas são da Internet, minha principal fonte de pesquisa sobre o assunto)...; contudo foi Ride of the Valkyries que me prendeu a atenção, repeti várias vezes, como costumamos fazer quando uma melodia martela nosso cérebro. Imaginei a agulha copulando o vinil e os médios da corneta soando essa música na década de 40. Fui mais distante e senti o cheiro do teatro madeirado do século XIX. Eles não tinham aparato eletrônico para tornar o som do teatro mais imponente, então as orquestras eram enormes. Tudo preparado para que o teatro vibrasse junto com a música.

O talento artístico desse compositor já havia feito Luís II se curvar. O rei da Baviera sustentou Wagner, que, antes das mesadas, vivia endividado. O imperador brasileiro Pedro II também se curvou e tentou trazer Wagner para uma apresentação no Brasil. Isso foi inviabilizado pelo envolvimento de Wagner com movimentos revolucionários ao lado de Bakunin, Röckel e Heubner (sobre esse envolvimento, foi o único que escapou de punição, num auto-exílio, aparentemente covarde). De todos os grandes admiradores da história universal, Hitler é o admirador principal, o mais lembrado.

Encontrei no Wikipédia:
Richard Wagner escreveu alguns ensaios anti-semitas e por essa razão, e pelo aspecto nacionalista de sua obra, sua imagem foi empanada no século XX pelo fato do nazismo tê-lo tomado como exemplo da superioridade da música e do intelecto alemães, contrapondo-o a músicos também românticos como Mendelssohn, que era judeu. O ensaio mais polêmico foi Das Judentum in der Musik, publicado em 1850, no qual ele atacava a influência de judeus na cultura alemã em geral e na música em particular. Nesta obra descreve os judeus como: "ex-canibais, agora treinados para ser agentes de negócios da sociedade". Segundo Wagner, os judeus corromperam a língua do país onde vivem desde há gerações. A sua natureza, continua Wagner, torna-os incapazes de penetrar a essência das coisas. A crítica era dirigida particularmente aos compositores judeus Giacomo Meyerbeer e Felix Mendelssohn, que eram seus rivais. Wagner insistia em defender que os judeus que viviam na Alemanha deveriam abandonar a prática do judaísmo e se integrar totalmente à cultura alemã. Apesar de, por essas razões, ser geralmente tachado de anti-semita, Wagner sempre teve amigos e colaboradores judeus durante sua vida inteira.

No fim de minhas leituras fica a dúvida. Eu não sei se Wagner era anti-semita. Acreditando nisso, acreditarei também que Wagner era mal-caráter e usava de qualquer artifício para se dar bem, já que ele mantinha amizade e relações de trabalho com judeus. Será que essa postura atribuída a Wagner não é fruto de algumas interpretações equivocadas? Wagner queria apenas agredir seus desafetos com seus textos, ou queria agredir toda uma etnia?

Entre o que pensamos e o que está escrito, prefiro admirar a obra desse excelente compositor da música mundial. As coisas que ele diz têm importância mínima diante da música que ele ofereceu ao mundo. Em vez de pegar o papel para entender as palavras de Wagner, leva-se o disco ao gramofone, à vitrola, à radiola, ao cd player... pega-se o arquivo e leva-o ao music player. A seus ensaios, artigos, sugiro a pira. Sem letra, Wagner é imortal.


.

Ku Klux Klan no futebol brasileiro?






Sempre achei injusta a fórmula do campeonato brasileiro com 20 times apenas. O Brasil não poderia estar sendo igualado a Itália ou Inglaterra, países que têm quantidade de times igual a São Paulo. Se tivéssemos a mesma política deles e incluíssemos o Intermunicipal como futebol profissional, entraríamos no mesmo nível também com o nosso campeonato baiano.

Estava vendo que os Estados brasileiros estão representados nos 60 melhores times do Brasil da seguinte maneira (antes da decisão sobre o América/AM):

1. São Paulo 13 times
2. Rio de Janeiro 06 times
3. Minas Gerais 05 times
4. Santa Catarina 04 times
5. Rio Grande do Sul 04 times
6. Ceará 04 times
7. Paraná 03 times
8. Goiás 03 times
9. Pernambuco 03 times
10. Bahia 02 times
11. Alagoas 02 times
12. Rio Grande do Norte 02 times
13. Pará 02 times
14. Distrito Federal 01 time
15. Acre 01 time
16. Paraíba 01 time
17. Mato Grosso 01 time
18. Amazonas 01 time
19. Tocantins 01 time

Sem o fortalecimento dos Campeonatos Estaduais, alguns estados brasileiros deixarão de ter futebol profissional. E não tenho ideia de como um time do Amapá, por exemplo, pode se profissionalizar.

Considero a fórmula de classificação por campeonatos estaduais, como era feito na década de 80 por Giulite Coutinho, uma fórmula mais justa, mais democrática. Claro que a forma como era trabalhada era meio atrapalhada, mas, em vez de aperfeiçoar aquela proposta, houve um abandono em nome do que Paulo Cerqueira classificou como a Ku Klux Klan do futebol brasileiro: o Clube dos 13.

Nos números apresentados, podemos perceber o quanto o futebol baiano enfraqueceu. Pior que isso, o futebol baiano perdeu muito o potencial de revelação de jogadores. Acho que se essa fórmula atual fosse adotada na década de 80, jogadores como Naldinho, Bobô, Zanata, Sandro, Osmar, Washington, Oséias, Nunes, não teriam passado pelo futebol baiano antes de ir aos outros centros. Algum empresário os levaria direto pras outras bandas. Sei que aí entra o lance da Lei Pelé, mas alguns empresários, com certeza, se interessariam por Galícia, Fluminense de Feira (nome fudido da zorra), Vitória da Conquista, se o nosso campeonato estadual fosse forte. O que podemos observar é que nem Bahia e Vitória interessam aos empresários de jogadores, enquanto disputam o campeonato estadual.


.